A CORTE PORTUGUESA NO BRASIL
A
Vinda da corte Portuguesa para o Brasil
No século XIX, Napoleão
Bonaparte tornou-se soberano do império da França, seu objetivo era
apoderar-se de toda a Europa. Para alcançar tal intento devassou o exército de
diversos países, porém o mesmo não conseguiu com as forças militares e navais
da Inglaterra. Para enfrentá-los, Napoleão decretou o Bloqueio
Continental - determinação que vetava os países da Europa de negociar
com a Inglaterra.
Neste momento da história,
Portugal era governado pelo provável herdeiro da coroa, Dom João. Portugal e
Inglaterra eram velhos cúmplices, o que deixou Dom João em uma posição delicadíssima.
A situação dele não era nada fácil, o que fazer? ir contra Napoleão e correr o
risco de uma invasão francesa ou esperar para ver a Inglaterra invadir o
Brasil? Nem uma nem outra atitude era fácil para D. João.
A saída encontrada, em conluio
com os ingleses, foi a mudança da comitiva portuguesa para o Brasil. Em
novembro de 1807, sob proteção da força naval inglesa, D. João, sua linhagem e
a nobreza que
o rodeava mudaram-se para o Brasil. Aportaram em território brasileiro cerca de
quatorze navios com 15 mil pessoas. Após a chegada da linhagem real, Dom João
passou alguns dias em Salvador, quando tomou duas decisões que deram uma
injeção de ânimo na economia brasileira: determinou abertura dos portos aos
países amistosos e a autorização para a instalação de indústrias, antes coibida
por Portugal.
Surgiram várias fábricas e
trabalhos manuais em tecido, mas que não foram adiante devido à confluência dos
tecidos ingleses. Entre outros feitos importantes para a economia, pode-se
citar a construção de estradas, melhorias nos portos e o ingresso do chá no
país. A atividade agrícola voltou a crescer. No início do século XIX, o açúcar
e o algodão subiram no ranking das exportações, ficando em segundo lugar, e o
café subiu para o topo nas exportações brasileiras.
Após sair de Salvador, o rei
foi para o Rio de Janeiro, lá chegando em 08 de março de 1808, transformando a
cidade em residência fixa da corte portuguesa. A chegada da família real ao
Brasil e sua instalação no Rio de Janeiro trouxeram para a colônia o status de
Reino Unido de Algarves. Coube à D. João instituir alguns ministérios, entre
eles o da Guerra, da Marinha, da Fazenda e do Interior. Estabeleceu órgãos
fundamentais para o bom andamento do governo, como o Banco do Brasil, a Casa da
Moeda, a Junta Geral do Comércio e o Supremo Tribunal. As melhorias não foram
só econômicas, mas também culturais e educacionais. A Academia Real Militar, a
Academia da Marinha, a Escola Real de Ciências, de Artes e Ofícios, a famosa
Academia de Belas-Artes e dois colégios de Medicina e Cirurgia, no Rio de
Janeiro e em Salvador, foram algumas das contribuições recebidas com a vinda da
realeza para o Brasil. Entre outras benfeitorias, pode-se citar a criação do Museu
Nacional, do Observatório Astronômico, a Biblioteca Real - combinação de
diversos livros e documentos que vieram de Portugal -, a estreia do Real Teatro
de São João e o surgimento do Jardim Botânico.
O Brasil, enquanto colônia,
não possuía nenhum meio de comunicação, até então proibido oficialmente,
contudo a vinda de D. João mudou essa realidade. Em 10 de setembro de 1808,
imprimiu-se o primeiro jornal do país, a Gazeta do Rio de Janeiro. Porém, nem
tudo foi glória, os cariocas tiveram que arcar com o alto custo de tudo, além
de serem coagidos a doar alimentos e tecidos para manter a mordomia da Corte,
que não se importava em esbanjar. A imagem que D. João passa logo que chega não
é bem vista por muitos moradores, que se veem obrigados a ceder seus imóveis
privados para que a coroa abrigue todos os que vieram consigo, os que aqui
chegaram tiveram carta branca para escolher a residência que melhor lhes
conviesse. Feita a escolha, estas casas eram marcadas com as letras P.R, que
queriam dizer Príncipe Regente, e a partir daí estipulavam um tempo determinado
para que seus moradores as desocupassem.
Foi com o intuito de empregar
essas pessoas que D. João criou os órgãos acima citados. O Rio de Janeiro
passou por uma grande transformação, expandiu-se, ganhou chafarizes, para que
houvesse fornecimento de água, pontes e calçadas, assim a realeza poderia
caminhar despreocupadamente. Construíram-se ruas e estradas, e a iluminação
pública foi instalada.
Enquanto o Brasil se
vangloriava por ter deixado de ser colônia e o Rio de Janeiro se transformava
na sede do reino, em Portugal a situação não era das melhores, o povo encontrava-se
depauperado em consequência da guerra contra Napoleão e o comércio estava em
decadência devido à abertura dos portos brasileiros.
Revoltados, os portugueses
exigiram, em 1820, a volta de D. João, com a eclosão, ao norte de Portugal,
da Revolução do Porto. Pediam também que fossem banidos os administradores
estrangeiros e o comércio brasileiro fosse realizado somente pelos mercantes de
Portugal. D. João resolveu que a melhor solução para esses problemas era sua
volta para Portugal, a qual deu-se em 26 de abril de 1821, porém aqui ficou seu
filho, D. Pedro, no papel de governante do Brasil, satisfazendo desta forma não
só os portugueses, mas também os brasileiros. O embarque de D. João foi
bastante conturbado, pois este decidiu levar consigo o dinheiro e o ouro do
Banco do Brasil. Foi necessário D. Pedro determinar que as tropas dessem um fim
ao burburinho, evitando desta forma que o navio atracado fosse invadido e
revistado. Desta forma, D. João foi-se embora, assim como nosso dinheiro esvaiu
direto para os cofres de Portugal.
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